quinta-feira, outubro 30, 2008

Contentores















(photo de Carlos Matos)


Gosto de fazer fotografia.
Tenho uma predilecção especial por temas que muitos não apreciarão.

Não faz mal!
Faz-me bem!

Já referi que as guardo e trato como "obras d'arte", qual grande pintor, escultor, músico ou outro autor qualquer de qualquer outra especialidade.

Este prefácio vem a propósito dos contentores que encherão a zona de Alcântara, Lisboa.

Já fotografei o local das maneiras, ângulos, horas do dia ou da noite, mais variadas.
Que bom ter agora outro tema!

Captar a alma de dezanove mil objectos daqueles, com cores, desenhos e letras variados, ora em close ups, ora em grande angular, ou ainda de longe para os apanhar no seu conjunto, vai ser uma delícia para o meu referido passatempo!

Ainda bem que à frente daquela coisa toda está um simpático e bonacheirão ex-ministro do PS que assim se propôs , com anuência governamental, proporcionar a nós, amantes desta arte, novos elementos inspiradores de mais umas quantas capturas.

Em nome de todos nós, o nosso obrigado muito especial ao
- Governo
- Câmara de Lisboa
- Porto de Lisboa
- Mota-Engil
- Estivadores.


O meu jardim suspenso
















(photo de Carlos Matos)


Vejo o fumo azul a subir lentamente, quase na vertical, fazendo piruetas com elipses e formas estranhas, da minha primeira, das duas diárias, cigarrilha entalada nos dois dedos costumeiros, aqui na minha varanda com o Sol a bater nas coxas e a brisa amena a refrescar do calor dos pensamentos cruéis daqueles que ali em baixo passam!

Divago olhando o meu jardim suspenso da bancada com florinhas selvagens.
(aqui lembro as Sardinheiras da Avó Teresa que as alimentava e lhes retribuíam com cores várias...)

Peguei no meu aparelho de extorquir almas, fixei-lhas para sempre e sempre viverão no meu baú que guardo religiosamente no sótão das lembranças.

Não as vendo, não as troco.

Dias vieram e dias virão que algumas ofereça.
Terão sempre um significado.

Distraído com as abstracções quase saltei da cadeira, com as coxas bem quentes... queimei os dedos com a cigarrilha esquecida.

Voltei à realidade!





quarta-feira, outubro 15, 2008

1/2 hora de esplanada















(photo de Carlos Matos)



Olá querida... não me esqueci de ti!
Até já te adicionei ao Hi5.
Só que a vida tem sido agitada e o tempo passa...

Ontem tive uma despedida de solteira e sabes como é.
Olha uma coisa... o Bernardo ainda anda com aquela maluca?
O quê?
Tá lixado!
Nunca mais a gaja sai lá de casa!

Já fizemos um protocolo com o ginásio, sai barato e podes crer, vou ficar uma mulher upa upa...

Mas olha tou cheia de saudades tuas!

Sábado queres vir a um jantar no BA?
É malta gira, porreira!
Vens só ou acompanhada?

Boa!
Vamos rir muito
Vai ser bestial!

Eu quando vou para estas noites, vou sempre de táxi, assim não tenho problemas como parqueamento, é porta-a-porta e ... sabe-se lá...

Tchau, beijinhos, tenho imensas saudades tuas!
Vai ligando, tá?

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Tenho saudades da Marta, mesmo!
É mesmo fixe!

Vamos embora?
Vamos.

Espera aí, primeiro tenho de saber se estão lá.
Vou telefonar.

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Tá? daqui Filipa.
Era para saber se o material que deixei aí, está pronto?
Tá! óptimo!
Vou já aí.

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Tá tudo pronto.
Vamos pedir a conta
Vamos!

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Assim preenchi mais ou menos meia-hora da minha tarde na esplanada, enquanto folheava o Jornal que tive de reiniciar após a partida delas, porque não tinha ficado com qualquer memória do que tinha lido!

Que felicidade a das Mulheres que conseguem falar com a amiga, ouvir as conversas das 4 ou 5 mesas vizinhas, telefonar, ler um revista, fumar, tomar café e tudo ver num raio de 150 metros, ao mesmo tempo com tudo memorizado ad eternum!

Não sou estudioso do assunto, mas constato permanentemente que é uma característica que diferencia de facto os sexos!
E quem assim não for... desconfio de qualquer coisa!

Já agora aproveito para dizer que após a leitura do referido jornal, apenas fixei que a mim pessoalmente, o OE-2009 não me aquece, nem arrefece!

Empate - empate é para a banca!

Obrigado!



TLEBS
















(photo de carlos Matos)



Não sei mesmo o que faça!

Vou para a primária começar tudo de novo ou borrifo-me para o TLEBS e continuo a gramaticar como até aqui?

É possível que os proponentes tenham razão, quem sou eu para duvidar das suas investigações e recomendações, mas que não dá jeito nenhum dizer que:

"médico-legal" é um composto morfológico coordenado,
"neurocirurgião" é um composto morfológico subordinado,
"tenente-coronel" é um composto morfossintáctico coordenado,
"decreto-lei" é um composto morfossintáctico subordinado,
"lambe-botas" é um composto morfossintáctico com estrutura de base

lá isso não dá!

Não sei porquê, mas estas coisas dos compostos, fazem-me lembrar artigos manipulados, vendidos nas antigas e bem queridas drogarias!

Vou pedir ali ao Ricardo um composto qualquer que saiba a torrada com pouca manteiga.

Como não faço ideia de onde metê-lo... como-o!

Pratiquem!
Dá saúde e faz crescer!




terça-feira, outubro 14, 2008

À boleia do silêncio
















(photo de Carlos Matos)


Da varanda vejo-os passar sempre casmurros, acenando obscenidades com os iguais que gratos pela deferência, respondem de igual modo.

Desopilam o fígado, eleva-se-lhes o ego e sentem-se heróis perante a descendência que acompanham, também estes com uns repelões, gritos e insultos à mãezinha.

Geneticamente calmo, com uma paixão assolapada pela cordialidade, justiça e humanidade, tento perceber o porquê.

Outrora, vivendo na minha Vila Real, com o Avô Heitor aprendi aqueles fundamentos como se de uma religião se tratasse.

Nunca o ouvir levantar a voz, fosse para o que fosse! e até os ralhos eram serenos, obrigando a posterior meditação!

Mesmo assim nunca se inibiu de no seu "Vilarealense", desancar naqueles que por ocupação de cargo político, administrativo ou simplesmente prepotência, atentassem contra a sua cidade ou elementares deveres de cidadania , em prol de justiça e urbanidade.

Lembro as tertúlias políticas, musicais ou ambas na velha e já morta Pharmácia Mattos, de tardes e noites memoráveis em que o meu "velho" Heitor e o seu núcleo duro de amigos, transformavam o estabelecimento em sala de concertos e deleite.

Só não havia piano porque não cabia!

Na velha casa de família, pianos eram 3.

Um, para mim miúdo, era uma coisa enorme! chamavam-lhe de cauda. Os outros eram verticais.

Imaginam-se os serões!

Era aqui que a "velha" e assustadora Tia Saudade, dava aulas de piano aos petizes.

Eu nunca aprendi nada!

Nas noites geladas de Inverno, após ouvir-se obrigatoriamente durante o jantar, as noticias no rádio, seguia-se cavaqueira amena (às vezes acalorada pela parte da Avó Theresa que era doente do fígado!) à roda da braseira, tendo como pano de fundo SEMPRE a música dita clássica, sintonizada na onda média da Antena 2 que o Avô Heitor, de pé, regia com alma.

Assim aprendi a gostar deste género de música, embora não seja nem pouco-mais-ou-menos, um melómano!

E também a ser compreensivo, ser o mais calmo possível e agradecer ao meu Deus a vida que apesar de pregar uns sustos de quando em vez, tem sido boa e farta de Amigos.

Gosto de andar à boleia do meu Silêncio.

Vou!

domingo, outubro 12, 2008

Coisas da Bimby















(photo de Carlos Matos)




Saí de casa, não sem antes olhar pela varanda para ver como estava o tempo, ( como se isso tivesse alguma importância!) bem cedo, porque é cedo que o dia começa.

Eram umas duas da tarde.
Ainda o Sol ia baixo e o dia parecia ir ser brando, sem chuva nem calor.

Levar a BIMBY à oficina era coisa simples, de gozo até.
Finalmente ia fazer mais uns quilometrozitos do que por norma faço.

Casa - café - casa!

Seguindo as preciosas indicações, dadas por quem sabe
fui parar a cascos-de-rolha...
dei a volta com a preciosa bem aconchegada na bagageira, junto dos tripés e chapéus!

Fui para o café, onde já não apanhei livre o DN, mas, vá lá ainda agarrei a Visão.

café cheio, por favor e uma cigarrilha (são minhas e estão lá guardadas), pedi.

Fui passando os olhos pela revista, entremeando com fugazes olhares pelos que passavam ou ficavam.

Já numa abstracção do que ia acontecendo ao redor,
estava em Vila Real, com 13 anos.

Era a mesma altura do ano.
Outono.
Dias limpos e frescos.

Cedo bem cedo, havia que ir para o Liceu.
Era o vizinho mais próximo.

Um horror!

Que inveja daqueles que tinham de apanhar a caminheta e fazer 3 ou 4 quilómetros!

Aos safanões era posto na rua ( já atrasado!) pela querida, mas austera e ditatorial Avó, enquanto o Avô, com a sua calma e gosto ancestral, continuava na cama resmungando que o deixassem dormir!

Acordei e reparo que já estão acesas as luzes da rua.

São horas de ir tratar de mim e das minhas coisas.

não sei quais!
mas sei que me devem esperar!



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