quinta-feira, dezembro 22, 2005

O Faz Tudo e a Saudade



A Saudade.

Era também o nome de uma sua Tia Avó.
Pianista de formação, ensinava a miudagem nas técnicas do solfejo e na execução dos primeiros acordes de sinfonias, sonatas ou nocturnos.

Lembra-se dela, lá para trás do Sol posto, loira, olho azul, sempre muito maquiada, vivendo no casarão da família.

Já era velhota (nasceu em 1875), tanto quanto o Faz Tudo consegue andar para o passado.

Lembra-se da sala onde pontificava um enorme piano de cauda, de cor mais ou menos acastanhada e de dois verticais, cada um na sua parede.

Nunca, nos tempos em que por lá ia a visitá-la, a ouviu tocar ou mesmo alguém tocar naqueles belos instrumentos.

Mas bastava-lhe entrar naquela sala e o ar que se respirava, sentia-se, era diferente! até porque sabia que ali tinham havido com muita frequência serões musicais, onde o Bisavô (Pai Lau), duas das suas filhas, a Saudade e a Adélia e amigos, davam gozo ao gozo de tocarem clássicos ou modernos temas, para deleite de outros que de instrumentos nem pegar lhes sabiam, mas que eram melómanos!

Por infortúnio o Faz Tudo não herdou nenhuma vocação para a música, com excepção do gosto de ouvir da boa! provavelmente por via de algum entroncamento no seu genoma!
Há coisas de que se tem saudade, mesmo que nunca as tenhamos vivido!

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