terça-feira, junho 14, 2005

O Faz Tudo e o "urgentemente"

Numa homenagem singela a Eugénio de Andrade, decalco um dos poemas que vai muito de encontro à maneira de ser do Faz Tudo:


URGENTEMENTE


É urgente o Amor,

É urgente um barco no mar.



É urgente destruir
certas palavras,

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos,

muitas espadas.


É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas

e rios e manhãs claras.



Cai o silêncio nos ombros,

e a luz impura, até doer.

É urgente o amor,

É urgente permanecer.


Eugénio de Andrade

1 comentário:

moon between golden stars disse...

"As palavras"

"São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.Tecidas são de luz
e são a noite.E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quemas recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?" (Eugénio de Andrade)

Porque algumas pessoas sao inevitavelmente eternas... como a poesia...

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